02 outubro, 2006

 

Uma esperança que renasce

Ao contrário das minhas previsões pessimistas da semana passada, existirá uma segunda volta para a eleição presidencial no Brasil, a ser disputada no dia 29 de Outubro. O candidato do centro-direita, Geraldo Alckmin, acabou por ser beneficiado de certo modo pelo recente escândalo do dossier Serra que envolve membros do PT, aplicando desta forma um duro golpe psicológico em Lula da Silva que estava convencido da sua eleição directa sem grandes dificuldades.
O actual cenário político no Brasil, torna-se agora bastante interessante sob várias perspectivas.

Primeiro, porque existirá um compasso de tempo para que as investigações do caso do dossier evoluam, afastando o clima de suspeição acirrada que se vive nestes dias. Também importa salientar, a ascensão meteórica de Alckmin nesta última semana. A sua votação no Estado de S.Paulo (28 milhões de eleitores) foi claramenbte superior à de Lula, atestando desta forma a sua competência anteriormente demonstrada, enquanto Governador da região. No entanto, esta segunda etapa de campanha não será muito simples para o candidato tucano, apesar da rota descendente das hostes petistas. Os restantes candidatos nesta primeira volta eleitoral, Cristovam Buarque (PDT) e Heloísa Helena (PSOL), contabilizaram juntos quase 10% dos votos. Ambas as candidaturas, situam-se no campo da esquerda política, tornando-se a tranferência destes votos a favor de Alckmin bastante complicada. Na minha opinião, Geraldo Alckmin terá, antes de mais, serenar um pouco os elementos políticos que compõem a sua base de apoio partidário que lhe têm dificultado o trabalho. Por outro lado, terá que intensificar a sua campanha eleitoral nos estados mais pobres do Norte e Nordeste, onde Lula da Silva obteve excelentes percentagens de votação. A campanha de Alckmin foi excessivamente centrada nas regiões sul-sudeste, tendo agora que visitar as áreas mais desfavorecidas do país, explicando de forma sucinta os seus programas sociais.

Ficou também evidente, que Lula é uma figura maior que o seu próprio partido, não conseguindo transferir votos a nível do poder estadual. O PT apenas conquistou o Governo de quatro estados, dos vinte e sete que compõem a República Federativa do Brasil. Como devem calcular, não será tarefa simples governar um país de dimensões continentais, com inúmeras realidades multiculturais e altos índices de corrupção. Mas existem algumas reformas que serão de comum acordo e bom senso. A máquina estatal é bastante pesada, com um número exagerado do ministérios aos quais se acrescentam os complexos sistemas estaduais que, muitas das vezes são dominados por oligarquias familiares locais. Esta é a base de estado a repensar para que os restantes domínios da sociedade evoluam de forma satisfatória.
Será tempo de remodelar o sistema educativo do país, a saúde pública e proceder a uma ampla reforma fiscal. Não é admissível que os impostos absorvam 45% do PIB brasileiro, pagando-se tributos semelhantes aos de uma qualquer social-democracia escandinava, mas tendo serviços públicos de Terceiro Mundo.
No campo da economia, terão que se baixar as taxas de juro e impostos exorbitantes que limitam os investimentos privados. Através desta medida, seria possível um maior crescimento empresarial, maior oferta de emprego e um real crescimento do país que actualmente é dos mais baixos da América Latina. No ano passado, apenas suplantou o Haiti...

Por tudo o que referi neste texto, parece-me óbvio que Geraldo Alckmin seria o homem indicado para empreender reformas tão profundas. O cenário político da segunda volta, continua desfavorável para o seu lado, mas acredito que a noite de ontem tenha sido uma injecção de ânimo para a derradeira batalha. Caso não vença, tenho esperança num entendimento entre as forças políticas, com o intuito de despoletar o progresso deste gigante adormecido, chamado Brasil.
E desta vez, Lula não terá mais desculpas para faltar aos debates televisivos, como fez na passada quinta-feira. Estranha atitude, vinda de um homem que se diz de esquerda, profundo democrata e que respeita o eleitor.

Como curiosidade, gostaria de referir que também exstirá segunda volta para o cargo de Governador do Estado do Rio Grande do Norte, onde resido. Vilma de Faria (PSB) e Garibaldi Filho (PMDB) quase registaram um empate técnico, neste primeiro embate.

Comments:
Caro Visconde,
Você não imagina o quanto fiquei animada ontem ao saber dos resultados. Aliás, acompanhei a apuração do primeiro ao último minuto.
Para mim, foram duas grandes conquistas: o segundo turno para Presidente e o segundo turno para Governador do Rio de Janeiro (não aguento mais a "famíia Garotinho" no poder).
Abraços,
 
Nunca liguei muito a esse facto, ao da classe política Brasileira. No entanto, actualmente, tenho lido algumas coisas sobre o Lula da Silva:

1º não sabia que o mesmo bate aos pontos o Bush no que respeita a "calinadas". Tem sido um poço de risotas esse Lula por esse mundo fora.

2º muitos Brasileiros dizem que o próprio Lula confunde-se com o Brasil, pois, segundo dizem, o Lula é o Brasil.

O Lula para mim representa os partidos de esquerda pura, que quando chegam ao poder, ficam embriagados com o mesmo. Uma nódoa !

Enfim, são ao opiniões de quem está longe, de alguém que pouco sabe e o pouco que vê do Brasil, deixa-lhe sempre uma péssima impressão :(
 
Lois,
O pior disso tudo é que muitos brasileiros ainda estão embevecidos com o canto da sereia ( Lula ) e não perceberam que é preciso mudar. Por isso fiquei tão feliz com o segundo turno. Ainda há chance de reverter a situação.
Abraços brasileiros,
 
Esperemos que Alckmin se consagre vencedor no próximo dia 29 de Outubro.
 
Oi!
Cheguei aqui no pedaço por via dos blog coligados...
Boa análise política, tendo em conta que você é estrangeiro residente no Brasil. Agora há que ter cuidados redobrados com a militância aguerrida do PT que se mostra sempre bastante ativa nestes momentos.
Um abraço do PFL de Goiás!
 
Eu não dizia que a maré estava a mudar, meu Caro Visconde?
Penso que os votos de Heloísa são inalcançávis, já será bom que se mantenham neutrais, abstendo-se. Buarque, dizem-me, vai apoiar Alckmin. O resto deve ser arrebanhado nos eleitores da primeira volta do próprio Lula, que não conhecem ainda toda a extensão do envolvimento petista. E nos que em S. Paulo guardam impressão favorável do ex-Governador e não foram votar. O facto de ter obtido tal resultado na incubadora do PT é animador.
Abraço.
 
Cá deste canto à beira mar plantado vou aguardar serenamente.
 
Visconde,
e a eleição do Fernando Collon de Mello? Comno foi possivel? o Rei da COrrupção no Brasil!
 
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