30 agosto, 2006

 

Regresso ao Caldas


Manuel Monteiro regressou hoje à sede do CDS-PP, oito anos depois de ter abandonado a liderança do partido, para apresentar a proposta do Partido da Nova Democracia (PND), a que preside, para um manifesto da direita, onde se defende um "amplo debate" sobre aquela facção partidária. A proposta foi também entregue na sede do PSD.
in Público (29/08/2006)

Em 1995, o CDS/PP foi um dos últimos grandes projectos de refundação da direita portuguesa. Manuel Monteiro, com pouco mais de 30 anos e com uma licenciatura por concluir, revolucionou por completo um partido que se encontrava esquecido. Incompatibilizou-se com alguns quadros mais antigos do CDS, exultava um discurso nacionalista e anti-federalista que me seduziu na época, levando-me a ingressar na política activa pela primeira vez.

A base ideológica arquitectada por Paulo Portas era verbalizada de modo eficaz, por um Monteiro ainda jovem e cheio de sangue na guelra. Mas cedo se percebeu que este projecto tinha pés de barro, e o CDS/PP acabou por ruir devido a graves conflitos de ego dos seus principais líderes.
A paciência nunca foi uma das virtudes de Manuel Monteiro, que preferiu bater com a porta e fundar um micro-partido. Deveria ter feito a sua travessia do deserto e aguardar o melhor momento para regressar ás luzes da ribalta. Hoje, quer protagonizar uma nova refundação da direita nacional e apela insistentemente para o seu antigo partido. Mas Monteiro, esqueceu-se que as actuais linhas ideológicas do CDS/PP estão já bastante distantes de 1995 e que a sua pessoa causa grande incómodo lá para as bandas do Largo do Caldas.

E com estes enredos, vai a direita portuguesa dividindo-se cada vez mais em diversas facções que vivem de costas voltadas e olhando para o seu próprio umbigo. Apesar de tudo, seria com agrado que veria todas estas forças políticas discutirem ideias e alcançar uma plataforma mínima de entendimento para travar a anarquia reinante nesta república socialista.

Comments:
Pedro,

Eu também acho que a esquerda também está cada vez mais dividida!

Surgem agora os movimentos independentes liderados por individuos que por este ou por outro motivo sairam dos seus partidos e tentam ganhar o seu lugar ao sol.

O povo cansado e farto da politica, teem-nos em mais consideração e aderem com mais facilidade a estes movimentos alternativos!

Não querendo dizer que estes movimentos sejam alternativa apenas são uma oposição cirscuntancial!

A ver vamos!
A "Republica" Socialista vai-se aguentando!

Bjks da matilde
 
Não é só a direita Portuguesa que passa por estes enredos e divisões. Concordo com o Miguel. A Esquerda passa também por essa divisão.
Aliás, toda a politica nacional vive actualmente momentos muito pouco assumidos e de enormes enredos.
 
Um entendimento racional, uma oposição mais fundamentada, mas creio (intuitivamente) que poucas diferenças seriam possíveis com o projecto de Monteiro.

Não creio que esteja na agenda dos outros partidos que contactou (PSD e CDS), mas sempre poderia animar a discussão política e ideológica do espaço "direita" em Portugal. De qualquer forma, o projecto em si é muito pouco conhecido pelos eleitores, pelo que coloco muitas reticências.
 
Olá Visconde! Regressada de férias, ando completamente a leste do que se passa no país e mais ainda no que concerne à política. Das poucas notícias que ouvi hoje, uma deixou-me particularmente nostálgica que é precisamente o fim do Independente, fundado precisamente por Paulo Portas e Miguel Esteves Cardoso. Ainda me lembro, quando andava na faculdade, comprar religiosamente o jornal. Parece que assim vai o nosso país! Uma vénia!
 
Pedro,
A direita está dividida... a esquerda está dividida... o país está dividido... e parece que não há "cola" que consigo tornar o país num todo.
Eu já perdi a esperança, apesar de se dizer que esta é a última a morrer!
Abraço.
 
Meu Caro Visconde:
As refundações não devem passar por chefes que já foram experimentados. Guterres sabia disso quando refundiu, perdão refundou a Esquerda. Mas também sabia que até aí nunca tinha chefiado o que quer que fosse, nem porcos no alentejo, pelo que podia apregoar-se portador do «Capital de Esperança». Que, neste caso, ao contrário do ditado, foi a primeira a morrer.
Abraço.
 
Também eu aderi de alma e coração ao CDS em 1995. Depois veio a desilusao total...
 
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