11 setembro, 2006

 

Sugestão literária

Acabei esta semana de ler o ensaio biográfico de Vasco Pulido Valente acerca de Paiva Couceiro. O livro chama-se precisamente Um Herói Português - Henrique Paiva Couceiro (1861-1944) é da Alêtheia e foi publicado em Junho do presente ano.

Paiva Couceiro foi um brilhante militar, cuja notabilização castrense se deveu, em grande medida às suas incursões primeiro em Moçambique e depois em Angola. O livro perspassa os grandes momentos da queda do Império Português: O "Mapa Cor-de-Rosa", o consequente "Ultimato" (sic) Inglês, a Conferência de Berlim, o Regicídio e a subsquente implantação da república. Couceiro sentiu todo este período como se fosse o seu próprio dealbar. Sendo a sua mãe inglesa, sentiu a humilhação provocada pelo "ultimato" (sic) inglês como uma humilhação sua (como forma de protesto retirou do seu nome o apelido da sua mãe, Mitchell); sendo monárquico, o golpe de estado que impôs a república veio despertar uma via revolucionária que, aliada à experiência militar de Couceiro o levou a várias tentativas de restauração da Monarquia e mesmo à implantação da efémera Monarquia do Norte.

Pela pena sempre acutilante, mas certeira de Pulido Valente vemos desfiar o perfil de um Homem de outros tempos. Couceiro era um Homem que amava a sua Pátria e tudo fez em vida para que ela recuperasse o esplendor que havia tido outrora. No fundo, Couceiro parece ter sido sempre um lutador de causas perdidas, o que se juntarmos a uma certa irresponsabilidade/heroicidade da personagem e à mais que óbvia incomodidade política da mesma nos dá para compreender o porquê do seu desaparecimento das lições de história contemporânea.

Se Paiva Couceiro tivesse a seu lado mais cem homens como ele Portugal não teria acabado em 1910!

Comments:
Gostei de ler este post. A verdade é que faltam mais homens como o meu trisavô a Portugal. Gostaria só de realçar que o livro de Vasco Pulido Valente dá a ideia que era um homem ingénuo e incorre em alguns erros de compreensão. Mas esta é a minha opinião, talvez sujeita à minha natural imparcialidade. Continuação de bons postes
 
Meu Caro Conde:
Era realmente uma Grande Figura. Evoquei-O a propósito da intransigência na defesa do seu Rei, a propósito do 5 de Outubro último. E, mais recentemente, como militar e governador colonial. Um episódio que define o seu amor à Pátria é o da surra que deu em três detractores de Portugal, quando esteve em Moçambique e que António Ennes narrou. E congratulo-me por ver descendência Dele comentando.
Abraço.
 
Como sempre um português que foi alvo de diversas injustiças, que lhe destinaram um triste final de vida...
 
Não conheço o livro e conheço pouco da pessoa de que fala. Relativamente ao autor do livro, ele é normalmente acutilante, embora seja pouco certeiro e pouco certo do sistema nervoso central (é a impressão que fica do que leio nos seus artigos do DN). Do que conheço de Paiva Couceiro, penso que não é favor considerá-lo éticamente coerente, embora eu não saiba explicar bem em que medida e com que medidas a integridade e a rectidão se 'misturavam' no homem. Seja como for, um exemplo do que hoje tanto falta.

Saudações.
 
Não conheço o livro e conheço pouco da pessoa de que fala. Relativamente ao autor do livro, ele é normalmente acutilante, embora seja pouco certeiro e pouco certo do sistema nervoso central (é a impressão que fica do que leio nos seus artigos do DN). Do que conheço de Paiva Couceiro, penso que não é favor considerá-lo éticamente coerente, embora eu não saiba explicar bem em que medida e com que medidas a integridade e a rectidão se 'misturavam' no homem. Seja como for, um exemplo do que hoje tanto falta.

Saudações.
 
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