22 agosto, 2006

 

"And now for something completely different..."

Este blog já deu guarida a uma infinidade de estilos literários: da crónica ao relato futebolístico, da análise etnográfica à crítica literária, do ensaio de trazer por casa à prosa grandiloquente...
Enfim, por aqui foram desfilando, no decorrer destes cento e poucos posts, as mais variadas e bizarras criaturas. Todavia, um género literário ainda por aqui não fez gala em aparecer, o ensaio poético tosco. É pois, o que a seguir se segue (se me perdoarem o pleonasmo...).

Elegia a um coscuvilheiro

Fofinho vai o coelho
correndo no verde prado.
Tropeça, magoa-se no joelho.
Está o caso mal parado!

(...)

Será seu nome tão importante?
É isso mesmo qu´eu pressinto.
Mas por que é tão pedante
O filho do doutor Jacinto?

Suas iniciais: E.P.C.
Mas o que elas escondem dentro
É um mundo que só ele vê
E de que ele é o epicentro.

(...)

Ele é do mundo! Ele é do adro!
É da montanha! Do verde prado!
Conhece a instalação e o quadro!
E mesmo quando erra... não está errado!

Opina sobre tudo,
Opina sobre todos!
Eduardinho é um "sabudo"!
Eduardinho sabe a rodos!

Mas com toda a sapiência de "sabão"
Eduardinho todos os dias chega a nós
Na rádio, imprensa e televisão
Muito gosta ele d´ouvir a sua voz!

E até lhe deram num diário
Espaço para a sua coluna vertical:
Dia após dia o seu fadário,
Afinal, E.P.C. é um intelectual!

(...)

Será ele faccioso?
Ou será ilusão de óptica?
Não! É somente pomposo
O "bolinha semiótica"!

(...)

De tal forma o seu umbigo
É a medida do que sabe e lê
Que o seu verdadeiro inimigo
Não é Junot... é Jeunet!

Ele é mais Antonioni.
De Fellini não é bem paladino,
Mas morde como Berlusconni
Se lhe falam d´ "O Fabuloso Destino..."

"Filme fascista!", "Filme de um "clown!""
Brotam impropérios da barbacã.
E em delirium tremens vê Eva Braun
Na face da doce Amèlie Poulain.

Foi "consular(-se) culturalmente" para Paris
porque o país era pequeno para a sua verve.
Oh, diabo! Estalou-lhe o verniz!
"Ó menino Eduardinho, não se enerve!"

O nosso doutor Libório alado
Não é comunista ("...esses herbívoros!")
É colunista! E eu estou bem arranjado:
Então, se ele até já escreveu livros!!

Ele é homem de valores e ideais,
Ele é homem de esquerda.
Excepto ele tudo é demais.
Tirando ele, tudo é merda!

Ele veio ao mundo para nos salvar,
Fazer a revolução, desse no que desse.
No Rato o socialismo foi a engavetar,
Eduardinho bateu com a porta do PS.

(...)

E ele já leu Dante, Sagan, Hawking,
"Les Fleurs du Mal", "Madame Bovary".
À noite vai ao cinema ao King
e depois, soirèe literária... no Gallery.

Mas se naquele lupanar
Ele algum dia se roçou,
O bom selvagem vai afirmar:
"A culpa é do Rousseau!"


Comments:
Já tardava uma alfinetada ao gordo coelho da Páscoa! Eh,eh,eh!
 
Gostei do poema dedicado ao EPC!
Excelente!

Bjks da Matilde
 
Simplesmente genial!
Também partilho de uma enorme antipatia por esse intelectualóide.
Aproveito para dar os parabéns pelo blog.
 
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