24 julho, 2006
O Pacificador

- Ir(aque) e voltar: Zapatero, líder do PSOE desde Junho de 2000, empunha como bandeira eleitoral do seu partido a retirada das tropas espanholas de território iraquiano.
- O 11-M: a uma semana das eleições gerais espanholas de 14 de Março de 2004 havia algumas certezas: o PP, liderado por Mariano Rajoy, sairia vencedor da contenda; o PSOE e o seu líder, nada mais teriam a fazer do que passar mais um mandato na oposição. A única dúvida era, de facto, se o PP ganharia com maioria relativa ou absoluta. Os atentados de Madrid inverteram por completo os resultados eleitorais, dando ao PSOE a vitória e a Zapatero a chefia do governo. O PP sai completamente “queimado” deste processo, acusado de ter atirado as culpas dos atentados convenientemente para cima da ETA. Embora na altura se tenha falado também de manipulação de informação (e mesmo de ocultação de dados que poderiam ter evitado ou minorado os atentados) por parte do PSOE e do Grupo Prisa, estas questões acabaram por se desvanecer misteriosamente na “ecoume des jours”.
- I Want You Out Of Irak: como consequência da vitória eleitoral, Zapatero retira as tropas espanholas de território iraquiano, deixando substancialmente mais fraca a presença das forças ocidentais nesse cenário de guerra.
- Granda Merkel!: Zapatero qualificou a vitória da nova chanceler alemã, Angela Merkel, como um “fracasso”, pois o presidente de governo espamhol apoiava fortemente o líder do SPD (esse grande socialista!) Gehrard Schröeder. Nada mal para um homem que tanto tem lutado pela igualdade de género intra-muros... deve ter aprendido com o mestre Soares, quando este depois de ter visto a sua candidatura à presidência do Parlamento Europeu fugir para a candidata conservadora, a francesa Nicole Fontaine, afirmou o seguinte: “Essa senhora daria uma excelente dona de casa”...
- AVC com a AVT: cedo as relações entre o executivo espanhol (e especialmente com Zapatero) e a Asociación Víctimas del Terrorismo (AVT) começaram a azedar. Aquela associação começou por criticar fortemente as tão propaladas negociações secretas que a Moncloa estaria a manter com a ETA. O PP, obviamente, aparecia convenientemente ao lado da AVT contestando essas mesmas negociações. O PSOE respondeu de forma ríspida a estas acusações, chegando mesmo Zapatero a faltar a algumas manifestações públicas contra o terrorismo organizadas pela AVT, alegando indisponibilidade de agenda.
- Golpe baixo no País Basco: há algum tempo que se diz que o executivo liderado por Zapatero mantém negociações “por debaixo da mesa” com o grupo terrorista ETA, com vista a alcançar um cessar-fogo. A 23 de Março de 2006 a ETA anuncia um cessar-fogo, sem contudo pôr de parte no futuro uma nova ofensiva armada. No passado dia 29 de Junho o presidente do governo espanhol anuncia formalmente no Congresso o início das conversações com o grupo basco. O El País atribuía ao governo do PSOE, na sua edição do dia 23 de Julho, os últimos dois anos de ausência de vítimas mortais causadas pelo terrorismo. Ficámos sem saber que papel reserva ao PP, já que no último ano de Aznar também não houve mortos, quiçá, fruto da rígida política popular anti-ETA.
- Cu - Cut: o governo Zapatero resolveu promover um novo estatuto para a Comunidade Autónoma Catalã, que há longos anos anseia por uma maior grau de independência face a Madrid (não é difícil perceber até que grau anseiam ir os catalães...). Frutos visíveis da medida: um discurso nacionalista mais aguerrido por parte das forças catalãs; um discurso cada vez mais extremado por parte de Madrid; um novo ressurgir dos discursos nacionalistas (seria demais dizer separatistas?) por toda a Espanha. Em suma, o renascer das “dós Españas”...
- Amistades peligrosas: por várias vezes, José Luis Zapatero deu o seu apoio público a personagens mais ou menos questionáveis, como Lula da Silva, Evo Morales, Hugo Chávez e, pasme-se, Fidel Castro! “Deu com o nariz na porta” quando o seu protegée Evo Morales, actual presidente da Bolívia, nacionalizou as empresas petrolíferas que operavam naquele país, afectando assim directamente a empresa hispano-argentina Repsol YPF. Isto depois de se ter passeado de braço dado com ZP no Palacio de la Moncloa...
- Amistades peligrosas II: depois de aparecer com uma “kefya” ao pescoço (isto em pleno conflito Israel – Líbano), Zapatero vem a público defender uma “aliança de civilizações” com o ex-presidente iraniano Mohammed Jatami e com o primeiro-ministro turco Erdogan. É melhor não lembrar aqui os relatórios anuais de ONGs como a Human Rights Watch (http://www.hrw.org/) sobre esses dois países em concreto...
Pessoalmente, não duvido que Zapatero seja um homem bem intencionado. Traçando um paralelo com a realidade portuguesa parece-me um homem da estatura moral do engenheiro Guterres, com a determinação de um Sócrates e com o programa político do doutor Manuel Alegre. Ou seja, qualquer coisa híbrida entre um católico com espírito escutista, um terceiro-“viista” e um socialista utópico. De tanto lutar pela paz ainda acabará por receber um prémio por essa sua luta. Resta saber de que mãos receberá esse prémio: se das mãos do presidente da Academia Nobel, se das de algum Ayatollah...
Comments:
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Antes demais tenho q confessar que sorri ao abrir este blog. Com o nome de "Condado" e com os titulos nobres dos participantes, esperava ver tudo por aqui menos o rosto do Che Guevara.Depois lá percebi as diferenças.eheheh
Quero agradecer a visita e retribuir.
Gostei do que li. Vou concerteza voltar .Apreciei sobretudo o sentido critico que por aqui se respira.
Quero agradecer a visita e retribuir.
Gostei do que li. Vou concerteza voltar .Apreciei sobretudo o sentido critico que por aqui se respira.
A esta hora não devias estar a ver o filme? Estou a ver que andas com muito trabalho aí no teu gabinete...
Oi, Eu retribuir a visita in meu blog, um abraço desde Rosario, Argentina...
eu nao sei muito portugueis... O brigado!!!
eu nao sei muito portugueis... O brigado!!!
Eu, simples plebéia, venho retribuir a ilustríssima visita do Senhor Visconde em meu humilde blog.
A casa é de vocês, amigos. Apareçam sempre que possível.
P.S. Adoreiiiii vosso blog.
Abraços,
A casa é de vocês, amigos. Apareçam sempre que possível.
P.S. Adoreiiiii vosso blog.
Abraços,
Obrigado pela referência ao post no meu blog. Valeu a pena visita-lo.
Um abraço e continuação de bom trabalho
Um abraço e continuação de bom trabalho
Sempre ouvi dizer...De Espanha nem bom vento nem bom casamento...
O que é certo é que continuo a embirrar com os gajos, e não há volta a dar.
O que é certo é que continuo a embirrar com os gajos, e não há volta a dar.
Ainda ontem assisti a uma entrevista no BBC World com o AZNAR !
Não consigo deixar de o achar um líder carismático, forte e determinado.
Vemos AZNAR actualmente como ex-PM a ser escutado pelo mundo fora, a dar conferências, a participar em seminários e a ser RESPEITADO !
O ZAPATERO chegará lá ?
Não consigo deixar de o achar um líder carismático, forte e determinado.
Vemos AZNAR actualmente como ex-PM a ser escutado pelo mundo fora, a dar conferências, a participar em seminários e a ser RESPEITADO !
O ZAPATERO chegará lá ?
Vejo que fui convidado para um jantar no terraço da fortaleza, o que acho muito agradável. Sobre o tema, política espanhola, não domino excepto na ideia que tenho de que existem várias espanhas.
A Espanha cresceu muito, está mais forte, e tenderá por isso a libertar-se do colonização inglesa que persiste na península. Conta para o efeito com o mundo hispânico do outro lado do atlântico (assim nós contássemos com o apoio do Brasil).
Se Zapatero percebe isso ou não, é outro assunto.
Cumprimentos para os donos da casa.
A Espanha cresceu muito, está mais forte, e tenderá por isso a libertar-se do colonização inglesa que persiste na península. Conta para o efeito com o mundo hispânico do outro lado do atlântico (assim nós contássemos com o apoio do Brasil).
Se Zapatero percebe isso ou não, é outro assunto.
Cumprimentos para os donos da casa.
Ufa! Post extenso,hein?
Nunca fui com a cara deste tal de Sapateiro! Preferia o Aznar que era de outra casta, sem dúvida.
Nunca fui com a cara deste tal de Sapateiro! Preferia o Aznar que era de outra casta, sem dúvida.
zapatero consegue com um governo de esquerda, progressista nos costumes, responsável e pragmático no pais basco e na catalunha, orgulhosamente laico e sem medo das sotainas e batinas, UM EXCEDENTE NAS CONTAS PÚBLICAS E O DECRÉSCIMO DO NUMERO DE DESEMPREGADOS. incrivel e admirável, não? e para mais sem o ridiculo bigode do aznar. não me espanta que não gostem dele, losers...
caro vivazapatero,
o mais curioso é que zapatero foi eleito secretário-geral do PSOE primeiro, e presidente do Governo depois, em grande parte, por não ter bigode. Quero com isto dizer que foi escolhido não pelo fundo ideológico que não possui (leia o longo panegírico que é o artigo de JJ Milás no El País), mas pela telegenia e boa imagem.
Quanto às conquistas do governo PSOE: não fale do que não conhece.
E não se creia um "winer", é só mais um esquerdalho que prefere a forma ao conteúdo.
o mais curioso é que zapatero foi eleito secretário-geral do PSOE primeiro, e presidente do Governo depois, em grande parte, por não ter bigode. Quero com isto dizer que foi escolhido não pelo fundo ideológico que não possui (leia o longo panegírico que é o artigo de JJ Milás no El País), mas pela telegenia e boa imagem.
Quanto às conquistas do governo PSOE: não fale do que não conhece.
E não se creia um "winer", é só mais um esquerdalho que prefere a forma ao conteúdo.
"não fale do que não conhece"? que topete, conde, que topete... foi isso, a arrogância que também tramou o pp em espanha, aliada á ignorância. winner escreve-se com dois nn.
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